06/06/2025 10:45
06/06/2025 10:45
Por José A. Carvalho/Twenty4news
90 Anos de Eduardo Gageiro: A Lente que Imortalizou o 25 de Abril
Eduardo Gageiro foi muito mais do que um fotógrafo — foi um cronista visual da história portuguesa, um observador atento da alma coletiva, um homem que transformou momentos fugazes em eternidade através da sua lente. A sua morte representa não só a perda de um mestre da fotografia, mas de um olhar único que soube captar o pulsar de um povo.
O Meu Último Encontro Com Eduardo Gageiro | Créditos: José A. Carvalho/Twenty4news
Nascido com uma sensibilidade rara, Gageiro imortalizou momentos decisivos da história de Portugal e do mundo, com especial destaque para o 25 de Abril de 1974. As suas imagens dessa revolução pacífica — cravos, soldados, multidões nas ruas, rostos iluminados pela esperança — são hoje parte integrante da memória visual nacional. Mas ele foi muito além do icónico: fotografou o trabalho, a infância, a dor, a alegria, a luta diária com uma dignidade e humanidade profundas.
Tive o privilégio de o ver — e fotografar — em ação na última comemoração de abril deste ano. Apesar da idade, Gageiro mantinha aquele brilho nos olhos, aquela urgência silenciosa de captar o instante certo. Movia-se com a discrição de quem sabia que o protagonismo é da cena, não do fotógrafo. E, ainda assim, era impossível não reparar nele — pela aura, pela história viva que carregava.
Gageiro não apenas tirava fotografias. Ele compreendia o momento antes de o captar. Sabia onde estar, quando disparar, como enquadrar. A sua obra é, acima de tudo, um testemunho: do humano, do político, do efémero que se torna eterno.
Portugal despediu-se na passada sexta-feira de um dos seus grandes olhares. Mas as imagens de Eduardo Gageiro continuam. Falam por si. Falam por nós. E lembrar-nos-ão, sempre, que houve um tempo em que a liberdade foi fotografada — e que essa fotografia tinha o seu nome.