25/04/2025 22:46
25/04/2025 22:46
Por José A. Carvalho/Twenty4news
Avenida da Liberdade volta a encher-se para celebrar o 25 de Abril
Lisboa vestiu-se de vermelho e cravos para comemorar os 51 anos da Revolução dos Cravos, num ambiente de festa e memória que percorreu a Avenida da Liberdade esta sexta-feira, 25 de abril de 2025. Apesar do luto nacional pela morte do Papa Francisco, que levou ao cancelamento de algumas cerimónias oficiais, milhares de pessoas saíram à rua para reafirmar o valor da liberdade conquistada em 1974.
Avenida da Liberdade volta a encher-se para celebrar o 25 de Abril | Créditos: José A. Carvalho/Twenty4news
O Desfile Popular: Uma Avenida tomada pela liberdade
O tradicional Desfile Popular começou pelas 15h00, na Praça Marquês de Pombal, e desceu pela Avenida da Liberdade até ao Rossio. Entre palavras de ordem, cravos vermelhos ao peito e canções como Grândola, Vila Morena, os manifestantes – entre famílias, jovens e veteranos da revolução – mostraram que o espírito de Abril continua vivo. Organizações cívicas, sindicatos e partidos políticos marcaram presença, com destaque para a participação do secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo.
Presença no Desfile dos líderes partidários
Durante o desfile, Pedro Nuno Santos acusou o Governo de "ficar à janela a assistir" às celebrações, lamentando a ausência de participação ativa do Executivo nas comemorações da Revolução dos Cravos. O líder socialista afirmou que "este é um dia de festa do povo português e, infelizmente, temos um governo que está à janela a assistir."
Além de Pedro Nuno Santos, outros líderes partidários estiveram presentes no desfile e expressaram críticas ao Governo pela decisão de cancelar as celebrações oficiais devido ao luto nacional pela morte do Papa Francisco. A coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, considerou a manifestação na Avenida da Liberdade como "uma grande lição ao primeiro-ministro e ao Governo", enfatizando que "a democracia não fica à espera."
Confrontos no Rossio e tensões políticas marcam o dia
Apesar do ambiente predominantemente pacífico, registaram-se momentos de tensão. No Rossio, apoiantes de extrema-direita tentaram provocar manifestantes antifascistas, resultando em confrontos que obrigaram à intervenção da PSP. Foram detidos três indivíduos, entre eles o ex-juiz Rui Fonseca e Castro e o líder neonazi Mário Machado. Dois polícias ficaram feridos.
A decisão do Governo de suspender atividades oficiais em respeito ao luto pela morte do Papa Francisco também gerou críticas, sobretudo por parte de partidos de esquerda e da Associação 25 de Abril, que defenderam a necessidade de manter viva a memória da revolução, independentemente das circunstâncias.
Abril continua a ser de todos
Num ano marcado por acontecimentos inesperados e tensões políticas, Lisboa provou mais uma vez que o 25 de Abril permanece uma data essencial para a democracia portuguesa. Com cravos nas mãos e esperança nos olhos, os lisboetas fizeram questão de lembrar que a liberdade conquistada há 51 anos é um bem precioso, que continua a merecer ser celebrado nas ruas.