O que achou ao chegar e como se sentiu ao perceber que tinha vencido?

Foi um momento inacreditável. Quando terminei, pensei: ‘Ok, Pablo, bom trabalho, terminamos em segundo. É uma boa posição. Então, vi um dos nossos amigos da Espanha no final, fazendo um gesto com a mão como: 'Vá, vá, vá, você pode vencer.' E eu disse: 'Não entendo'. Depois de terminar [a corrida, fui para] a zona de imprensa e foi surpreendente ver todos a gritarem. As pessoas diziam-me que talvez tivesse ganho. E eu não percebi no momento: ‘Talvez? O que é talvez? Eles disseram que Mitch tinha parado. Experimentei emoções confusas – um pouco de dor por Mitch, mas também imensa felicidade porque o meu sonho tornou-se realidade. Quando confirmaram os resultados, comecei a comemorar e a imprensa fez-me muitas perguntas. Foi um momento incrível que nunca esquecerei na minha vida. Foi incrível.

Há alguém específico em quem esteja a pensar enquanto comemora a sua vitória?

Tenho um pensamento especial para toda a minha família, todas as crianças do hospital de Burgos, porque em competição eles estão sempre comigo. Estou também a pensar em Carles Falcón, o espanhol que faleceu neste Dakar. Esta vitória é de todos eles.

Quem foi a primeira pessoa para quem ligou ou alguém que entrou em contato consigo?

Ainda não liguei para ninguém. Acho que a primeira pessoa para quem ligarei será alguém da minha família. O mundo está a ficar louco agora. Acabei de ler algumas mensagens informando que eles estavam a acompanhar a corrida; alguns disseram: 'Mitch estagnou, talvez Cris possa vencer!' Então, com certeza, a primeira ligação será para minha família.

Com os imensos desafios deste Dakar, houve algum momento durante a corrida em que pensaste: 'Isto é incrivelmente difícil, podemos não conseguir'?

Cada etapa foi intensa, principalmente a etapa maratona – 48 horas [navegando] por dunas cheias. Talvez esse momento tenha sido uma loucura, mas vencemos essa etapa. Senti-me muito confortável no carro e com o apoio da equipe. Isso foi o mais importante porque se eu sentir o apoio atrás de mim, poderei ficar mais forte e determinada.

Numa entrevista anterior, mencionou acreditar na sua força mental em comparação com os outros. Pode explicar como cultiva essa resiliência mental?

Não sei se sou mentalmente mais forte que os outros, mas o que sei é que sou alguém que luta até o fim. Entrei neste mundo muito jovem e fiz todos os esforços para chegar ao Dakar. Lutei por esse desporte, lutei pelo patrocinador durante toda a minha carreira. Desde os meus primeiros dias e os meus primeiros Dakars, o meu objetivo tem sido cruzar a linha de chegada, passando inúmeras horas no carro. Lutei até o fim, o tempo todo. Neste Dakar fiz o mesmo. Eu tentava isso todos os dias, independentemente do que acontecesse atrás ou à minha frente. Completei a minha corrida e fiz de tudo para vencer.

Quais são seus planos daqui para frente? Está a pensar em tirar férias para se recuperar da jornada exigente e recarregar as energias para os próximos desafios?

Estava a pensar em tirar férias, mas parece que não tenho tempo para isso. Preciso de trabalhar um pouco na minha clínica odontológica, pois os meus pacientes estão à espera há um mês. E tenho entrevistas e muitos compromissos marcados.