20/06/2025 03:30
20/06/2025 03:30
Por José A. Carvalho/Twenty4news
O primeiro dia do Festival MEO Kalorama, realizado na quarta-feira, 19 de junho, no Parque da Bela Vista, em Lisboa, arrancou com uma mistura de momentos de celebração, atuações memoráveis e algumas dificuldades logísticas que não passaram despercebidas aos festivaleiros.
Às 16h, quando as portas se abriram sob um sol intenso, o ambiente era descontraído e pacífico — não havia filas, nem correria, e o público chegava lentamente. Essa calma inicial foi notada por vários presentes e chegou a levantar a questão de uma eventual afluência abaixo do esperado, embora não haja números oficiais que confirmem essa perceção. O que se sentiu ao longo do dia foi um recinto longe da superlotação, algo que muitos frequentadores até elogiaram, destacando o conforto, a boa circulação e a ausência de confusão.
Pet Shop Boys animam primeiro dia do MEO Kalorama | Créditos: José A. Carvalho/Twenty4news
No palco principal, o grande destaque da noite foi o concerto dos Pet Shop Boys, que levaram milhares ao rubro com uma atuação eletrizante e nostálgica. "West End Girls", "It’s a Sin" e "Always on My Mind" ecoaram pelo Parque da Bela Vista numa performance sólida e bem produzida, mostrando o poder de um cartaz intergeracional. Também no palco San Miguel, nomes como Sevdaliza e os Flaming Lips brilharam com espetáculos visualmente marcantes, encerrando a noite com uma energia experimental e emocional.
Apesar da qualidade musical, nem tudo correu sobre rodas. Um dos principais problemas apontados por festivaleiros foi a excessiva distância entre o acesso a norte — aparentemente o único ponto de entrada e saída ativa — e as zonas de quem chegava a partir do sul. Essa configuração forçou longas caminhadas e gerou confusão entre os visitantes menos familiarizados com o recinto, especialmente na troca de pulseiras no chamado “Welcome Center”.
A organização também enfrentou críticas por falhas pontuais no som: interferência entre palcos próximos, como no caso dos Kraftwerk e 2ManyDJs, e desequilíbrios na equalização, como graves excessivos durante o concerto dos Moderat, dificultaram a experiência sonora em certos momentos.
Outro ponto sensível foi o preço praticado dentro do recinto. Ainda que comum a festivais desta dimensão, os valores elevados da comida e bebida voltaram a gerar descontentamento. Muitos optaram por trazer consigo garrafas plásticas (até 50cl) e pequenas porções alimentares — algo permitido pelas regras — como forma de contornar os custos. A política cashless continua em vigor, com pagamentos apenas por cartão ou pulseira digital, o que também gerou alguma fricção para os menos habituados ao sistema.
Apesar de tudo, o ambiente foi marcado pela boa disposição, diversidade e inclusão. O festival manteve o compromisso com a sustentabilidade, oferecendo pontos de água reutilizável, casas de banho unissexo e espaços bem distribuídos.
O arranque do Kalorama 2025 mostrou que, mesmo com falhas logísticas e questões a melhorar, o festival continua a oferecer um ambiente cultural vibrante e seguro — e com mais dois dias pela frente, as expectativas continuam em alta.